█████ ◌ ◌ ◌ ◌ Hakim Bey e o rock





Hakim Bey e o rock


Quando se abre uma ferida gigantesca no seio do estado, indignação e indignação tomam conta até os tolos obterem um nova resolução através do medo; o golpe velado ocorre (não o seu), o estado muda, novas insígnias, mas é sempre o mesmo, com eventuais mudanças, mas, sempre atrasando a vida daqueles que gostam de uma digna autonomia e oxigênio livre — liberdade morre mais uma vez e o suspiro não é calmo. A tecnologia, dádiva da criatividade humana, tem se provado uma ameaça à privacidade/potência-livre e a própria criatividade, não por ela mesmo, mas por ter exigências/protocolos/prevenções e outros ferros pontiagudos que, além das empresas intrusas, só servem para atrasar quem quer andar e dançar, ~ “termos” ~, dói a cabeça só de ter-que-ler algo desse tipo; indo mais longe, no que tange o extremo do inconveniente, lembre-se dos satélites que, embora, coloque a internet (espaço bem prazerosos para atos dispersos dentro/fora), limita e delimita posses/propriedades, dificultando cada vez mais a vida dos ferrenhos anarquistas e afins. Mas, não acaba por aí, pois, a tecnologia tem se provado também uma nova forma de buscar feixes de liberdade — faz-se necessário então, àqueles que querer experimentar um pouco de autonomia, apropriar-se dos espaços disponíveis para colocar em prática a anarquia, isso é, experimentá-la, mesmo que isso possa não durar mais de algumas horinhas. Revoluções pessoais dão lugar a palavra “Revolução”, que aprisiona, e dá nova forma a um novo estado, normalmente pior que o anterior, não se deve, portanto, se aprisionar em palavras como estas; ao contrário, fuja das ditaduras dos termos, “esquerda e direita”, “sociedade”, “coletivo”, “certo/errado” “individuo” — saia, suma, dissolva-as. Dificilmente você irá conseguir abortar o estado antes que ele te enfie uma bala ou te presenteie com uma bela “sova” de sociedade, aproprie o que for necessário e fuja então, a polícia existe independentemente do espectro, não deixe rastros (se for possível), confronte-a quando necessário; a polícia é o golpe de estado permanente; poder este que parece ser permanente, mas ele não se estende ao ponto de se tornar um deus, ele não é causa de si mesmo, os Egoístas são, ou pretendem ser, por isso se revoltam de forma permanente, sempre que o possível, não obstantes, estes, por meio da Associação fazem festas e se libertam da sociedade, dando espaço à liberdade de estar “louco”. Gritos; danças; Charles Fourier; cantos; bebidas; drinks; drogas; sexo; sem lei; — não é para qualquer um e para qualquer coisa. Por isso, antes de entrar/adentrar qualquer assunto abordado pelo anarquista que dá título ao blog, chamo atenção para um chamado inusitado logo depois desse ponto final. 

Morte aos disseminadores de fakes e sensacionalismo ;)

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Estive Raivoso - Hakim Bey (Letra)

Malefícios da carne – assassinato, guerra, fome ganância
Existe um caminho: o assassinato do próprio corpo,
Guerra contra a carne,
Renúncia à tudo que não é vida
Ganância pela própria vida,
– Incluindo a escuridão.
Sem esse baile de máscaras, nada seria criado.
"O Caos é a soma de todas as ordens."
Em vez de ganância, diga ânsia
Amor louco. em vez de fome, completitude
Generosidade do eu sobe
Em espirais em direção ao Outro.
A mais antiga mitologia faz de Eros o primeiro
Rebento do Caos. O poder absoluto do desejo.
A arquitetura da paralisia
Será destruída
Celebração total de tudo
– Incluindo a escuridão.
Sem esse baile de máscaras, nada seria criado.
"O Caos é a soma de todas as ordens."
Em vez de ganância, diga ânsia
Amor louco. em vez de fome, completitude
Generosidade do eu sobe
Em espirais em direção ao Outro



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Encarte do álbum “Transmutation (Mutatis Mutandis)” da banda Praxis — (Buckethead, Bootsy Collins, Brain, Bernie Worrell, DJ AF Next Man Flip) — apresentando um trecho do livro de Bey.

Hakim Bey

Peter Lamborn Wilson (falecido em 2022) é o nome verdadeiro de Hakim Bey, um escritor de vários assuntos, várias abordagens e interesses dispersos que nos levam a estranheza do contato com algo sobre sua vida em um primeiro olhar atento — passando do sufismo, do misticismo, das utopias piratas, da poesia, do situacionismo a distintos assuntos em tempos diferentes; de forma nítida ou não, o mesmo esbanja criatividade, recebendo por consequência: fascínio. Como todo bom individualista influente ou com enfoque individual sedutor, não só recebe fascínio como também enxurradas de críticas, em especial de Murray Bookchin (famoso por sua Ecologia libertária) — ambos têm o seu valor e importância, que fique claro, mas, ambos também possuem seus limites em determinados espaços; repetindo a palavra, “espaços”, pois, eis um ponto que nos toca.

O encontro de si


De duas maneiras colocamos as coisas aqui para iniciar uma auto-referência, de si, consigo mesmo; repare na porta antiga, no seu detalhe cortado ali do lado; não há detalhe do tipo? Olhe então para outra coisa e repare bem nela, de preferência em uma janela, nova ou velha, antiga ou moderna — apenas repare, pare, pense bem, olhe para suas pernas, suas mãos, repare bem nelas; vá a um espelho, olhe suas vestes — como você se enxerga? Como os outros te enxergam? Ora, responda a primeira pergunta para si, ignore a segunda, ela nem importa; mas há uma ressalva, do modo que a maioria trata as vestes, você pode ser o convencional, ou, o contrário. Distinção, vamos admitir, é prazeroso — tribos — olha a beleza da vida, a divergência na mesma existência, sendo o padrão: o apogeu da decadência, a ladeira existencial. Tencionar os ossos dos alheios que no receio não entendem isso, é essencial, esses são os de foras, os de dentro se entendem. Daqui para frente, outra ótica: um drinque ao que não aconteceu; seus amigos trazem memórias caladas; invividas glórias, tristezas transpostas, trevas que iluminam os olhos, garotas mais belas do que aparentam na descrição, corpos que não cheiram, saliva de bala alheia que enoja. Drogas distantes, fofoca ao lado persegue os distraídos; demônios criados — há um pedido para que estes façam que os lados se invertam, mantendo cenário, que o riso seja o real e não debochado e que, a raiva ao som da música desconhecida que toca agora seja canalizada. Conseguimos ver melhor, em detalhes, depois de copos e copos, a ótica mudou, olhe bem, tem riscos naquela parede que foram feitos há vários anos atrás, talvez tenham sido feitos em 2006, quem será que fez? O banheiro do local é limpo? Parece que ele foi reformado, a porta foi trocada, ela era cheia de adesivos, se sente preso? Pois então, continue aqui, daqui a algum tempo, após ler Hakim Bey, talvez sua mente não esteja aqui e nem o seu corpo.




Dir-se-ia que muitos não vão entender da forma que se deve, como exemplo/elucidação, pegue o seguinte caso. Depois do que foi dito acima surge o famoso imbecil, não apresentado, cheio de pose, porém, vítreo no sentido negativo, como uma taça que se estilhaça ao toque do piso, mesmo que a altura seja baixa e o toque sútil — ele diz o seguinte: “Então, vai viver como um mendigo delinquente, ou, como um índio primitivo!” — algo desse porte, bem típico. Na cabeça destes, deveríamos comer lixo sempre que nos colocarmos contra a ordem vigente de uma forma radical. Em parte, diriamos que, isso não passa de uma debilidade falada, uma idiotice caricata crédula; o que é verídico, mas, há de se ressaltar aos exaltados contrários uma coisa aqui em relação à certas ênfases, começando por certas palavras. Esta(s) a qual eu me refiro — revolução/revolucionários/revolucionar — eis aí, repito, algumas palavras complicadas nos dias de hoje, mas, não por ser impossível, e sim por consequência como e quando ela ocorre; pois, a liberdade não corre como os “planejadores” imaginavam (risos), só se for para o lado contrário, e por que isso acontece? Ora, fácil resposta, além (é claro) da oposição, você vai ter que lidar com outra futura oposição que tem na sua causa uma “verdade” a defender dentro de um contexto complicado, eles são a hegemonia — e aí? tá afim de arriscar ou prefere manter o presente, por enquanto, para se pensar o futuro? Você tem medo dos termos? Comece a repensar o “por quê” destes serem utilizados e a quem interessa os mesmos, se são úteis ou se são fantasmas.


A TAZ é uma espécie de rebelião que não confronta o Estado diretamente, uma operação de guerrilha que libera uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e outro momento, antes que o Estado possa esmagá-la. Uma vez que o Estado se preocupa primordialmente com a Simulação, e não com a substância, a TAZ pode, em relativa paz e por um bom tempo, "ocupar" clandestinamente essas áreas e realizar seus propósitos festivos. Talvez algumas pequenas TAZs tenham durado por gerações - como alguns enclaves rurais - porque passaram desapercebidas, porque nunca se relacionaram com o Espetáculo, porque nunca emergiram para fora daquela vida real que é invisível para os agentes da Simulação

O espetáculo do circo que eu não quero fazer parte


Complica-se cada vez mais quem pensa que a situação não está complicada, morre cada vez mais rápido quem tem a realidade como catástrofe e se deixa levar por esta; seus pensamentos te apavoram, a realidade te atravessa. De um fato, tiramos daqui, o espaço e a ótica, a visão "relativa" contagia cada vez mais, ora, mas não se trata de ceticismo, “descarte” essa possibilidade; guarde teu texto em outro lugar, daqui não vai fazer parte; aqui, no consenso de chute preciso, o que aparece é o que bom, porque o que é bom aparece — mas o que é bom ou mal, e o que aparece? Quem é que determina, tem algo aí, será que estaríamos em uma realidade cada vez mais regida por forças ocultas ou mesmo dentro de um sistema que nos controla e se dá bem quem “merece”? Uma resposta óbvia, até tola de ser respondida, em parte, mas não caia em paranoias dignas de figuras ditatoriais; diríamos, que a nossa “Matrix” não tem robôs, clones/cópias (ainda) e sim faz da vida de cada um, um reality limitado para poucos, e àqueles que não possuem nenhuma “utilidade” (os imprestáveis; madrastos; preguiçosos) cabe a sarjeta ou o presídio. Fotos, outdoores, vídeos e uma sacola voando — eu não vejo a sacola que voa do seu ângulo, tem algo no lado que só eu enxergo nesse momento, venha até mim — consegue ver? Há um risco na parte inferior, há algo escrito nela; agora ela voa, voa e voa; há uma muro vermelho e uma câmera alí em cima, ela nos vigia. Longe não tão longe há outra câmera, no alto, lá em cima, satélites, internet, foi-se o tempo da fita-cassete e do Dvd, agora é streaming pago e disponível, horário a horário qualquer, para qualquer um que acesse poder ver o que escolher; poucos reparam na sacola voando. Prédios altos ocupam cada vez mais lugares, o que se sabe é que, nossas vidas, não são nossas, por trás de aparências superficiais se esconde nossos batimentos, estão lá no escuro. Nós somos ou estamos sendo? É o que eu procuro, mas, eu procuro ou encontro? está seguro do que você é, sendo que o que você era ontem não existe, aqui e agora? Estamos em constante fluxos, mudanças, ora, como alguém poderia afirmar que X continua sendo X, sendo que a forma como isso se apresenta, engana quem pensa o mesmo. Vivemos na Sociedade do Espetáculo, somos mediados por imagens, ou, nossas relações sociais são mediadas por imagens? Segunda opção. Não se referimos aqui a um mero axioma sobre mídia, como normalmente é feita a leitura do situacionista Guy Debord, e sim como não conseguimos nos enxergar dentro de um cenário em que o capital ganha vida/forma em imagens, em que somos separados do “cenário”, cujo espaço lá e cá está cada vez mais restrito. É claro que tal restrição não veio juntamente com determinados períodos, lembremos que o último pedaço de terra foi revindicado há muito tempo (tempo pra caralho, aliás); portanto, não seja tolo de ficar buscando terras vazias para cravar sua bandeira.



Hollywood Undead - We Are (Letra)

[Danny]
Nós somos, nós somos, nós somos feitos de peças quebradas
Nós somos, nós somos, nós somos quebrados desde o início
E nossos corações, nossos corações, eles estavam batendo no escuro
Porque nós somos, nós somos, nós somos construídos a partir de peças quebradas

[Johnny 3 Tears]
Se você pode perder tudo, então, bem-vindo à Broadway
Sonhos de silicone e seu nome em cartaz
E eu posso segurá-lo, mas eu seguro duramente
É mais quente aqui no inferno, mas está ficando escuro de verdade, vê
Então todos vocês doentes e a amargura da solidão
Para todos vocês overdosados e vocês quilômetros de viciados em coca
E cada passo, outro passo, você está andando em meus sonhos
E a cada suspiro, outro suspiro, você está respirando quando eu respiro
Eu assisto todos eles virem, tenho que assistir o resto ir
Eu sou casado com o diabo, na cidade dos anjos
Então venha todos vocês perversos para o mundo do vazio
Eu sei que preciso de tudo isso, então baby não me tente
Estou batendo na sua porta, não, ninguém me enviou
Apenas checando todas vocês vadias, como eu estou checando esta folha de cheque
Então coloque seus chapéus, Lohner não fica mole
Você pode ver Deus quando eu tirar minha máscara

[Danny]
Nós somos, nós somos, nós somos feitos de peças quebradas
Nós somos, nós somos, nós somos quebrados desde o início
E nossos corações, nossos corações, eles estavam batendo no escuro
Porque nós somos, nós somos, nós somos construídos a partir de peças quebradas

[J-Dog]
A fama é sua melhor amiga, você a ama, sem dúvidas
Arrombando a porta é o rosto da rejeição
E mais uma vez é um hino da tragédia
Nós nunca quisemos mais, nunca precisamos de sua bênção
Quem poderia dar a mínima para um garoto com um sonho?
Porque histórias não são contadas sobre aqueles não vistos
Com o brilho nos olhos, com o dedo do meio para o céu
Sorriso torto em seu rosto, ele não acha que ele pode morrer
Então pegue uma picareta e um machado, porque nós tentamos, nós choramos
Dentro da garrafa de Jack nós morremos por dentro
Então quando você olha em seus olhos, o que você vê agora
Assassina o monstro que você criou, e o vê sangrar
Nós estamos em uma vida onde é matar ou perder
Apenas minta, filho da puta, até você ouvir a verdade
Vindo debaixo da rua, através das sarjetas da juventude
Apenas chore, filho da puta, sim, eu estou falando com você

[Danny]
Nós somos, nós somos, nós somos feitos de peças quebradas
Nós somos, nós somos, nós somos quebrados desde o início
E nossos corações, nossos corações, eles estavam batendo no escuro
Porque nós somos, nós somos, nós somos construídos a partir de peças quebradas

[J-Dog]
(Ninguém)
Da cidade dos anjos!
(Ninguém)
Um recipiente vazio de demônios!
(pode tirar o que é nosso)
Não há ninguém para nos salvar?
Através dos meus olhos, veja o mundo que nos deu!

[Danny]
Nós somos, nós somos, nós somos feitos de partes peças
Nós somos, nós somos, nós somos quebrados desde o início
E nossos corações, nossos corações, eles estavam batendo no escuro
Porque nós somos, nós somos, nós somos construídos a partir de peças quebradas

[Danny & J-Dog]
(Nós somos, nós somos)
Da cidade dos anjos!
Um recipiente vazio de demônios!
(Nós somos, nós somos)
Não há ninguém para nos salvar?
Através dos meus olhos, veja o mundo que nos deu!
(E nossos corações, nossos corações)
Da cidade dos anjos!
Um recipiente vazio de demônios!
(Porque nós somos, nós somos)
Não há ninguém para nos salvar?
Através dos meus olhos, veja o mundo que nos deu!

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O álbum “Just The Best Party” da banda World/Inferno Friendship Society possuí 3 canções que se passam em uma TAZ, dentre quais, se encontra: "Just the Best Party", "Go WIth It Girl" and "The Naughty Little Rat Makes New Friends".


A neblina nos mapas


De referencial, em muitos momentos, quase sempre, nos apoiamos; aqui não é diferente, dentro/fora não é diferente — entendeste? Pois bem, quando falamos em TAZ, logo vem na mente os grupos ilegalistas intensos que não param, são rápidos e ágeis, sobretudo, práticos — ao contrário (sem depreciação) daqueles que, infelizmente, hoje, estão no páreo da polícia; surgem então, tendo em vista o que foi dito, uma divisão: os piratas contemporâneos e os que se arriscam de forma exacerbada por causas que não são suas. Ambos tem sua importância, uns para si e os outros para os outros, porém, para o experimento da autonomia (de fato) o indivíduo não pode simplesmente mergulhar em insurreições, talvez, de vez em quando, com cautela, pois, como dizia Bey »não queremos dizer que a TAZ é um fim em si mesmo, substituindo todas as outras formas de organização, táticas e objetivos. Nós a recomendamos porque ela pode fornecer a qualidade do enlevame«, dito isso, ponto, por enquanto e o mais breve. Os piratas do Século XVIII tinham uma rede de informações exemplar que, embora, primitiva e, no curso de atos desprezíveis —, se mantinha por um bom tempo, até partir para outro lugar temporário, sendo, este pouco tempo aproveitado com muita alegria, uma felicidade que para sua própria manutenção necessitava de deslocamento, isso é, necessitava de um transição, como um viajante sedento por curiosidade, por exemplo. Os nômades, como os ciganos/mercadores-artesãos/afins —, foram um grande modelo involuntário (ou não) de viajantes que transitavam por aí sem ter um habitat fixo, podemos dizer que, segundo Deleuze, um exímio filósofo, sábio, seria uma espécie de nômade que no grande saco que carrega nas costas, leva aquilo que se tem como bom e deixa para trás o que não é aproveitável — bom, o pensar daqueles que fogem do convencional também não seria assim? Ora, em parte, sim, diríamos, mas, voltamos ao foco aqui. Hakim Bey absorve o conceito de “nomadismo psíquico” de Deleuze e Guattari, onde o encontro ocorre, não a busca em si. O que morre, acontece, pois, as possibilidades crescem e crescem dando possibilidades a devires anárquicos que querem se apropriar dos espaços possíveis e sentir que nada está acima da vontade deles, pois, lidam com os limites fazendo do difícil e inimaginável: anarquia que não para, que transita, que insiste com a inteligência daqueles que estão presentes, não deixando que o “habitat” aprisione e nem que os realizadores desta anarquia, se percam em celas por insistências tolas. 

Da rede ao assalto virtual 


Nos primórdios da Net (netting; rede), quando não havia Twitter/Orkut/Msn/Facebook/Yify/4Chan no que hoje conhecemos como Web/Internet como sinônimo da mesma coisa [de forma errônea] —, já se previa a existência de sujeitos ⟨usuários⟩ que teriam como ‘modus operandis’ uma contra-net, semelhante ao que faziam os piratas descritos no início do blog, só que dentro de um espaço virtual repleto de informações ⟨dados⟩ compartilhadas e até mesmo restritas em alguns casos. Eu dizer Net/Contra-Net sem mais, nem menos, soa complicado quando os termos são vistos hoje de forma estreita e até mesmo intrínsecos, porém, calma — o que chamaremos de Net pode ser definido (dentro do que propõe Hakim Bey) como a >>totalidade de todas as transferências de informações e de dados. Algumas dessas transferências são privilégio e exclusividade de várias elites, o que lhes confere um aspecto hierárquico<< e contra-net pode ser chamado de Web (teia) — isso (Internet/Contra-net) pode ser colocado melhor da seguinte forma, dando segmento ao próprio Hakim Bey: >>(como se a internet fosse uma rede de pesca e a web as teias de aranha tecidas entre os interstícios e rupturas da net)<< ; que em resumo ficaria, até mesmo dentro de uma caricatura necessária, da seguinte forma: espaço virtual [X] com poderes convencionais/zonas autônomas [Y] como ‘apropriato’. Ok, muito do que Hakim Bey diz soa atual e ao mesmo tempo datado, acho que isso já é nítido pela data do livro, começamos então pelo que é atual. Quando pensamos em definições pífias de pertencimento do que e de quem produz o que, caímos não só em moralidades débeis como também em termos vagos que não condizem com a realidade atual, quem não é trabalhador hoje em dia? Essa pergunta, se auto-responde quando você pensa que produção já não tem mais o mesmo sentido de décadas atrás, quem dirá séculos, quando Ideologias almejavam o fim do estado por meio da revolução. Enfim, voltando a pré-internet, ou o que Bey tem de referência principal como contra-net, isso é, as não tão famosas [hoje] BBS’s (BBS; Bulletin board system), eram serviços que comportavam chats/fóruns/notícias/e-mail/jogos on-line/afins — de forma precária comparados com o que temos hoje, é claro, não havia nem gráficos, a interface era dos tempos da linguagem exposta, dos códigos, tendo sua origem em 1972. Enquanto a Net era restrita à elite, sendo, utilizada para fins militares e pesquisas/comunicação dentro de universidades e interligadas umas as outras — as BBB’s eram acessadas via modem e conectadas via telefone, fugindo um pouco da restrição, mas, ainda sim eram caras. Apesar da miséria visual e da limitação, Bey, já previa (é... não necessariamente ele) o que iria acarretar essas novas formas de comunicação, em mais e mais formas de espaços a serem revindicados dentro do Caos ( • Virtual; sem consistência — dentro da filosofia de Deleuze e Guattari • Plano disforme que foge do convencional existencial dando espaço a uma perspectiva mágica em que os moldes da vida podem ser alterados — dentro de correntes do ocultismo; não confundir a abordagem do Caos como sinônimo fixo; aqui, no caso, é, em termos de internet), na proliferação do que hoje temos como ‘copyleft’/pirataria em larga escala/ou até mesmo camadas ocultas que fogem da Surface Web; claro que não mais nesse modelo de servidor ultrapassado (BBS) — o que não demorou muito, pois em 1991 a “World Wide Web” já dava as caras para o “público”. Torne-se um pirata, mas, não fique apenas nas águas virtuais.
 
 



Running Wild - Pirate Song (Letra)

Erguendo a bandeira até o topo do mastro
As velas e as cordas bem apertadas
Os pistoleiros estão ansiosos para atirar
Bem preparados para lutar

Apresse-se, fuja ou renda-se
A derrota você não pode negar
Melhor desistir no primeiro lugar
Ou afogar-se num piscar de olhos

Ouro, jóias e diamantes
O preço nós iremos reivindicar
Malandros nobres aguardam
Nós nunca desistiremos do jogo

Vamos navegar no oceano, nós rezamos para o vento e a glória
Por isso somos livres e selvagens

Venha cantar comigo com a música do pirata
Cumprimente o vento, hurre para a glória
Nós vamos lutar até vencermos a batalha
Nos mares bravos

Sem caminho de volta
Bem pregado
Carregando as armas com chumbo
Vitória nobre e justa

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O álbum “No Business” acima aborda uma temática em relação aos direitos autorais e ao compartilhamento de arquivos, sendo composto em suma maioria de samples, tal abordagem se faz explícita na faixa “downloading”


Zona Autônoma Permanente


Ao exemplo de “Christiania”, comuna dinamarquesa, existente desde 1971 —, nos debruçamos sob uma zona autônoma que não é temporária no sentido imputado por Hakim Bey, esse é só o exemplo mais conhecido que vem se perdendo, infelizmente, mas, continua resistindo e fazendo o que pode, dentro do possível e, não rejeitando novas tendências como a internet, muito pelo contrário, se utilizando dela, com direito a um site e canal no YouTube, pois, não se trata aqui da defesa de um anarco-primitivismo ou algo do tipo, e muito menos da rejeição do debate sobre tal. O que há, diriamos, é o que você faz com o presente, o que existe é o que se faz presente nos terroristas poéticos que subvertem o espaço, não idealizações do futuro dos que se organizam para levar enquadro coletivo, eu diria, que se trata de não viver proliferando frases burras e incoerentes com a realidade e, sim impactar com frases/atos que nos leva a pensar/refletir, criar espaços fora da universidade, das empresas, do trabalho —, não deixando que estes monopolizem o que é de todos os interessados, pois, no fundo, problematizam tudo para ter mais e mais trabalho e ótimos salários, não generalizo ninguém, há exceções, porém — será que há alguém que de fato acredita que pessoas como Chomsky estão certas no que tange o Anarquismo, sendo que em vários anos o que se teve em muitos momentos foi o contrário de uma natureza positiva? Não só essa pergunta deve ser feita, olhe nos seus olhos — você se conhece bem ou só finge ser alheio por moda? Você é um narcisista que cultua o próprio o corpo e se perdeu em identidades tolas ou realmente se faz assim por querer? Será que realmente toda zona autônoma tem-que-ser temporária? Hakim Bey responde esta última, pelo menos, anos depois  do conceito de TAZ ser criado, não as zonas, o >conceito< — a resposta é não, aí entra a PAZ (Zona Autônoma Permanente).

A PAZ não é necessariamente contrária a TAZ, aliás, partir dessa preposição não faz muito sentido, visto que a primeira é normalmente uma insistência daquilo que se retém como temporário, ocasionalmente. Porém, às vezes, as coisas duram mais que o previsto, a festa dura mais e, se os meios e recursos do espaço ou dos indivíduos ali inseridos proporcionar, talvez, dê para ali ficar por um bom tempo; talvez. 
 


Los Planetas - Zona Autônoma Permanente (Letra)

O dia chegará
Em que podemos comemorar
Para ficarmos juntos para sempre
Para nunca nos separar

O dia chegará
Em que podemos comemorar
Para estarmos juntos para sempre
Para nunca nos separarmos Vamos

aproveitar as férias de verão
Para uma casa à beira-mar e subir no telhado
Para olhar as estrelas e Passar a noite amando um ao outro

O dia chegará
Em que podemos comemorar
Estar juntos para sempre
Para nunca nos separar

O dia chegará
Em que podemos comemorar
Estar juntos para sempre
Nunca nos separar

Olha o que eu te digo
Porque eu estaria disposto
Olha o que eu te digo
Pra queimar o mundo inteiro
Se eu não puder ficar com você
Se eles não nos deixarem amar

E sair para passear de madrugada
E entrar no mar para procurar peixes raros
E deitar na areia e estar com você o tempo todo

Esse dia vai chegar
Que podemos comemorar
Estar juntos para sempre
Para nunca se separar

Esse dia vai chegar
Que podemos comemorar
Estar juntos para sempre
Para nunca se separar

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A banda Running Wild apresentava no começo de sua carreira letras de cunho anárquicas, passando a focar em temas piratas, pelos quais ficou conhecida

Lembra daquele dia? 

Cupidos são ensanguentados onde os sentidos se perdem em meio à compreensão, às incertezas: um brinde, à ausência de afirmação destas, uma pílula e anti-aviso único: não é necessário ficar pensando muito, médio e, não é como se pensar pouco sobre isso fosse uma dádiva. Não te oferecem sonhos e cadeados, talvez, você se ofereça na cama — aí já é outra história, quem conta, viveu, quem não conta, nunca contou; a caixa do supermercado mais próximo, que não é perto, acredite, já não implora para que você não diga, o olhar entrega, embora, não o fizesse — foi de prostituta dançarina à caixa, que declínio compreensível, ela sorriu também, ela sorriu tão bem naquele dia (risos). Uma imagem de um ritual satânico colada na parede chamará atenção, bodes com a cabeça cortada, o engraçado é que o local da foto nem é conhecido; é choque, é arte, é engraçado, é maléfico e por consequência é bom, parece que estamos na parte boa de “My Own Private Idaho”, onde nem seriamos toscos de fazer algo daquilo descrito, mas corajosos o suficiente para se passarmos como tal. Marginais alados, dançarinos, reis, dândis sem dinheiro, hippies elegantes — não são dúbios, revolucionários como Saint-Just e insaciáveis como qualquer bilionário, ríspidos e doce, hedonistas ecológicos escatológicos — se sentem deuses ao mesmo tempo que os assassinam, possuem crenças e vivem como se não tivessem nenhuma — anarquistas ontológicos. 

Cansados de habeas corpus, detetives e outras 'personas' relacionadas, correm para “Terra de Ninguém” os bandoleiros, onde a paisagem representada (penso eu) na fotografia expandida alude ao que podemos nos apropriar (ótica), para outros, Heidegger (de fato); sem pontes, sem relações aqui (blog), com o realizador sim. Densa filosofia, suaves poesia que soam como o vento; o peso fica por conta da poeira que sobe sob os olhos que lacrimejam com a experiência. Tudo é belo, inclusive o feio, o roteiro? Intenso e tenso, para muitos e dependendo do texto transposto e contexto do filme: compreensível para ambos. Estamos em um filme — “Badlands”, o realizador, Terrence Malick — porque assistimos e nos sentimos como a Holly ou como Kitt, perdidos? Talvez, mas primordialmente estamos a se encontrar, ou, se preferir, estamos em Mad Max, ou apenas no Burning Man 200∅. Um filme gravado, são lindas flores, ou, espinhos bem filmados, sinto-me como gênio não pretensioso, como tolo feliz contemplado por oxigênio livre, sinto-me feliz de poder contar essa história, sinto-me graciado com a liberdade. Lembre-se daquele dia em que dançamos dentro do banco com as vidraças quebradas e soltamos a mão enquanto a viatura chegava, haja tempo, há pouco tempo, fazendo manifestos, encontrando afetos, pisando em fetos pútridos (difamadores) contemplando a chuva como um asmr e o fim dela como um começo para algo novo. Me sinto parte do que eu parti para mim sem criar regras por cima ou em cima, me sinto parte porque parti quando não senti o mesmo, me sinto parte da chuva, do filme; me sinto um pirata navegando em águas desconhecidas prestes a encontrar, saquear, roubar e não precisar de nenhuma justificativa moral, pois, o mundo é minha propriedade e eu faço dela um festival.
 



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Hakim Bey - Poetic Terrorism
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Dançar de forma bizarra durante a noite inteira nos caixas eletrônicos dos banco.
Apresentações pirotécnicas não autorizadas. Land-art, peças de argila que sugerem estranhos artefatos alienígenas espalhados em parques estaduais. Arrombe apartamentos, mas, em vez de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Seqüestre alguém e o faça feliz. 
Escolha alguém ao acaso e o convença de que é herdeiro de uma enorme, inútil e
impressionante fortuna – digamos, 5 mil quilômetros quadrados na Antártica, um velho elefante de circo, um orfanato em Bombaim ou uma coleção de manuscritos de alquimia. Mais tarde, essa pessoa perceberá que por alguns momentos acreditou em algo extraordinário e talvez se sinta motivada a procurar um modo mais interessante de existência. Coloque placas de bronze comemorativas nos lugares (públicos ou privados) onde você
teve uma revelação ou viveu uma experiência sexual particularmente inesquecível etc. 
Fique nu para simbolizar algo.
Organize uma greve em sua escola ou trabalho em protesto por eles não satisfazerem a sua necessidade de indolência e beleza espiritual.
A arte do grafite emprestou alguma graça aos horríveis vagões do metrô e sóbrios monumentos públicos – a arte-TP também pode ser criada para lugares públicos: poemas
rabiscados nos lavabos dos tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques e restaurantes, arte-xerox sob o limpador de pára-brisas de carros estacionados, slogans escritos com letras gigantes nas paredes de playgrunds, cartas anônimas enviadas a destinatários
previamente eleitos ou escolhidos ao acaso (fraude postal), transmissões de rádio piratas.
Cimento fresco...
A reação do público ou choque-estético produzido pelo TP tem de ser uma emoção
menos tão forte quanto o terror – profunda repugnância, tesão sexual, temor supersticioso,
súbitas revelações intuitivas, angústia dadaísta – não importa se o TP é dirigido a apenas
uma ou várias pessoas, se é “assinado” ou anônimo: se não mudar a vida de alguém (além
da do artista), ele falhou.
TP é um ato num Teatro da Crueldade sem palco, sem fileiras de poltronas, sem
ingressos ou paredes. Pare que funcione, o TP deve afastar-se de forma categórica de
todas as estruturas tradicionais para o consumo de arte (galerias, publicações, mídia).
Mesmo as táticas da guerrilha Situacionista do teatro de rua talvez já tenham se tornado
conhecidas e previsíveis demais.
Uma primorosa sedução praticada não apenas em busca da satisfação mútua, mas
também como um ato consciente de uma vida deliberadamente bela – talvez isso seja o TP
em seu alto grau. Os Terroristas-Poéticos comportam-se como um trapaceiro totalmente
confiante cujo objetivo não é dinheiro, mas transformação.
Não faça TP Para outros artistas, façam para aquelas pessoas que não perceberão
(pelo menos não imediatamente) que aquilo que você fez é arte. Evite categorias artísticas
reconhecíveis, evite politicagem, não argumente, não seja sentimental. Seja brutal, assuma
riscos, vandalize apenas o que deve ser destruído, faça algo de que as crianças se lembrarão
por toda a vida – mas não seja espontâneo a menos que a musa do TP tenha se apossado
de você.
Vista-se de forma intencional. Deixe um nome falso. Torne-se uma lenda. O melhor
TP é contra a lei, mas não seja pego. Arte como crime; crime como arte.

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Hakim Bey - Poetic Terrorism
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