█████ ◌ ◌ ◌ ◌ Feuerbach e o rock

A música é o idioma dos sentimentos...

Feuerbach e o rock

Desde que as ideias supraterrenas passaram a ser desvalorizadas em detrimento das concepções do conhecimento, estabelecidas por Kant, enfrentamos cada vez mais uma divisão que restringe ou oferece à religião um papel secundário na vida de muitos no ocidente; um reflexo disperso e conexo do desempenho intelectual exercido. A ciência impulsionada como método de atualização do verdadeiro, cada vez mais desenvolvida, colocou abaixo a ideia da criação do >ser humano< apresentada na bíblia, dando ênfase à antropologia contra a teologia e, ao oferecer a dádiva não dita no afincamento do empirismo com seus devidos pressupostos em que o cerne deste método — cada vez mais desenvolvido, que já antes polemizava, agora, não obstante, entrava ainda mais em conflito com as crenças religiosas — mudava a maneira que visavam os filósofos sob sua própria área e o conflito atravessava a maneira como enxergamos a religião. A fé, antes, mais um pouco antes, foi agora, se preferir, posteriormente ao período imputado, reduzida em orações momentâneas em segunda instância como resposta à problemas de saúde, e o médico costuma ser mais solicitado do que o padre ou o pastor dogmático. O cristão moderno tem se tornado, na prática: um ateu (pelo menos em casos como esse). Com todos esses impasses (colocados aleatoriamente acima) lidamos hoje com uma distância em relação ao divino, como aquele que oferece a solução imediata, passando a dar novos rumos à religião no âmbito político e financeiro. Há de se admitir, no entanto, que ainda temos uma forte e hegemônica devoção por figuras celestiais e uma busca em alguma medida insaciável por crenças em divindades, busca essa que, embora, ofuscada pela troca da adoração divina pela política do século XX, sempre se fez presente no cotidiano e nas normas morais. Se isso é bom ou ruim, cabe a cada um opinar e, irritar.

O fato é que com furos e barreiras destruídas, ou se preferir, com rombos nas barreiras, se abriram novos horizontes para se pensar a religião fora dela; como há continuidades e rupturas no pensamento e, fazer contraponto àquela altura já não dava mais pena de morte ou algo próximo, o que veio mais tarde como consequência, sequência e sequelas, foram críticas ferozes à religião, algumas embasadas, outras frutos de gritos angustiados, em especial no século XIX. Nietzsche, Marx, Darwin e Freud são os autores mais referenciados quando o assunto é “heresia”, não por serem os únicos a direcionarem em alguma medida, críticas, ao pensamento religioso e sim pela influência exercida sobre o ateísmo vigente na contemporaneidade através [à parte]: da genealogia, do materialismo, da biologia e do estudo da psique (não exatamente). Grande parte dos célebres ateus que posteriormente reivindicaram para si o termo, beberam certamente da fonte de algum destes, que, também beberam de outras fontes, já que no universo intelectual o gênio não é nada mais que um exímio articulador que entende, preenche e estende conceitos e ideias a disposição —, levando a cabo uma redefinição, uma nova perspectiva, um resgate ou uma descontinuidade. Nada surgiu do nada, há inclusive pensamentos que mesmo à distância se encontram de alguma maneira, como é o caso aqui. Tanto Nietzsche, como Marx, Darwin e Freud se encontram de algum modo em suas críticas à religião. Em relação às fontes de cada um, é conhecido que Freud e Marx leram Feuerbach, Darwin foi lido por Marx e Nietzsche foi lido por Freud, que teria lido Feuerbach

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\Uma jóia vermelha no escuro pisca na avenida célebre, desconhecida é a sua presença /




Disturbed - The Sound of Silence (Letra)

Olá escuridão, minha velha amiga
Eu vim falar com você novamente
Porque uma visão suavemente sinistra
Deixou suas sementes enquanto eu dormia
E a visão que foi plantada em minha mente
Ainda continua dentro do som do silêncio

Em sonhos agitados eu caminhei sozinho
Ruas estreitas de paralelepípedos
Sob a luz de uma lâmpada de rua
Eu virei meu colarinho para o frio e a umidade

Quando meus olhos foram apunhalados
Pelo lampejo de uma luz de neon
Que dividiu a noite
E tocou o som do silêncio

E na luz nua eu vi
Dez mil pessoas, talvez mais
Pessoas falando sem conversar
Pessoas ouvindo sem escutar

Pessoas escrevendo canções
De vozes que nunca se compartilham
E ninguém se atreve
Perturbar o som do silêncio

Tolos, disse eu, vocês não sabem
Silêncio cresce como um câncer
Escute minhas palavras que talvez eu possa te ensinar
Pegue em meus braços para que eu possa te alcançar
Mas minhas palavras, como gotas silenciosas de chuva caíram
E ecoaram nos poços do silêncio

E as pessoas se curvaram e oraram
Ao Deus de neon que elas fizeram
E a placa piscou o seu aviso
E as palavras que estavam formando

E o aviso disse
As palavras dos profetas
Estão escritas nas paredes do metrô
E nos corredores dos cortiços
E sussurradas no som do silêncio

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No cemitério interno da música, vozes silenciadas cantam louvores
serovuol matnac sadaicnelis sezov ,acisúm ad onretni oirétimec oN

Ouça de onde vem, nenhum intenso vendaval, de onde vem, horríveis grunhidos e expressões sem volume nenhum; uma floresta quase sem folhas — em que a neblina soturna, confunde quem está prestes a se colocar no encontro diante dos que se afundam a cada palavra não-dita — é a imagem alusiva. Uma luz vista de longe, é o momento das páginas sendo escritas; do outro lado do ausente e suposto de ser do lago, o denso livro que aponta um caminho prometido a uma luz em meio à escuridão, por vozes que nunca ouvimos, e mais, cada vez mais; você se sente bem excluído, essa é a sua chance de tornar o escuro nítido, e que chance — você vai ouvir o som contrário, entender a sinfonia à faceta alheia do sentimento-de-si mesmo, o instrumento é o seu amigo, já a outra a ausência, a de um idioma: o adversário vesgo cercado. Decadente é a expressão da ignorância, dos sentimentos distantes, longe do alcance e, o semblante sem rosto; do concerto de lugar algum para o “pleonasmo visual” e pela promessa pautada que resulta nesse. Os conceitos que aparecem ganham uma nova ótica; os objetos estão prestes a se ressignificar diante da sua consciência e a umidecer o gélido sem gelo, sem termômetro e sem tempo. Quadrados com quartos cheios de quadros, figuras de neon criadas; bonecos de gesso, posteriormente — atormentam. Vede, que um embate de pulsões sentimentais alheias, diante da divisão, advém da chance de se libertar; mas, que chance há de ter enquanto você olha e estica suas mãos sem nenhum retorno em meio ao som ensurdecedor do silêncio? Como é difícil dirigir para fora os olhos voltados para dentro, não é mesmo? Vontade disso se esvai, estou cada vez mais dentro de mim, prestes a desenhar outro lugar. 

 

"O ser absoluto, o Deus do homem é a sua própria essência. O poder do objeto sobre ele é, portanto, o poder da sua própria essência. Assim, é o poder do objeto do sentimento o poder do sentimento, o poder do objeto da razão a própria razão, o poder do objeto da vontade o poder da vontade. O homem, cuja essência é determinada pelo som, é dominado pelo sentimento que encontra seu elemento correspondente ao som, pelo menos pelo sentimento que encontra o seu elemento correspondente ao som. Não, é porém o som em si mesmo, somente o som rico de conteúdo, de sentido e sentimento exerce poder sobre o sentimento. O sentimento só é determinado pelo sentimental, i.e., por si mesmo, pela sua própria essência. Da mesma forma é a vontade, é a razão. Por isso qualquer que seja o objeto de que tomemos consciência fará simultaneamente que tomemos consciência da nossa própria essência; não podemos confirmar nada sem confiar a nós mesmos."
(Trecho de "A Essência do Cristianismo; tradução de José da Silva Brandão)


Feuerbach e o rock

kcor o e hcabreueF

Ludwig Andreas Feuerbach, grande nome do pensamento — foi um filósofo alemão que viveu entre 1804 e 1872, em tempos de tormentos e novas perspectivas, tais como a de Hegel. Nascido na cidade de Landshut em uma família prodígio, repleta posteriormente de figuras conhecidas — demonstrou grande interesse por teologia na juventude, abandonando o curso mais tarde para estudar com o principal pensador de seu tempo, o já citado filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Após a morte do filósofo, Feuerbach “integrou” o que posteriormente ficou conhecido como Jovens Hegelianos, sendo um dos principais nomes deste, ao lado de: Bruno Bauer, David Strauss, Max Stirner, dentre outros. Influenciou profundamente tais pensadores ao romper com o sistema hegeliano, invertendo tal pensamento, em especial no conceito de alienação, e ao fundamentar que o papel da filosofia não era especular sob a existência do homem partindo de deus e sim o inverso, assim, a teologia estaria para o filósofo, localizada na antropologia, não havendo mais um elo de ligação entre o conhecimento teológico com o conhecimento humano no que tange a verdade, isso é, não havendo, mais uma coexistência harmônica distinta no campo do saber almejado com a religião.

Ainda que no campo de estudos de uma maneira mais geral Feuerbach seja considerado um “marginal”, ou melhor dizendo, uma sombra de outros pensadores, há de se reforçar a parede (frente à metafísica) que o mesmo colocou no campo do saber ao inverter os papéis pela qual se alcançaria o mesmo. O que fez o filósofo alemão foi abrir caminho para muitos dos pensadores qu se seguiram — partindo de uma perspectiva materialista e anti-metafísica (ainda que com fortes pressupostos desta). Feuerbach sob essas perspectivas acabou por influenciar grandes pensadores como: Sigmund Freud, Karl Marx, Mikhail Bakunin, Guy DebordRené Girard, Max Stirner e Emili Cioran.

É também o responsável pela célebre frase: “O homem é o que come”.


The Sugarcubes - Deus (Letra)

(Bjork)
Deus não existe.
Mas se ele existisse, ele viveria no céu acima de mim,
Em uma nuvem grande e gorda lá em cima.
Ele é mais branco que o branco e mais limpo que o limpo.
Ele quer me alcançar.

(Bjork)
Deus não existe
Mas se ele existisse eu sempre o notaria.
Se preparando em seu quarto aéreo.
Ele está escolhendo suas luvas tão brutalmente.
Ele quer me tocar.

(Bjork)
Estou andando humildemente por uma rua estreita.
Puxando meu colarinho que cresce.

(Elinar)
Eu o conheci uma vez,
Realmente me surpreendeu,
Ele me colocou em uma banheira,
Me deixou melodicamente limpo.
Realmente limpo.

(Bjork)
Para criar um universo
Você precisa provar
O fruto proibido.

(Einar)
Ele disse oi. Eu disse oi.
Eu continuei limpo.

(Bjork)
Deus não existe.
Mas se ele existisse ele gostaria de descer daquela nuvem.
Primeiro dedos de marzipan do que mãos de mármore.
Mais silencioso do que o silencio e mais lento que a lentidão.
Mergulhando em minha direção.

Meu colarinho é sala imensa para duas mãos,
Elas começam no peito e se movem lentamente para baixo.

(Einar)
Eu pensei que já tinha visto de tudo.
Ele não era branco e fofo.
Ele tinha costeletas.
Ele tinha costeletas.
E um topete,
Ele disse oi.
Eu disse oi. Eu continuei limpo,
Eu estava melodicamente limpo.
Eu estava surpreso.
Do mesmo jeito que você iria ficar.

(Einar e Bjork)
Deus, Deus, Deus, Deus
Bjork
Ele não existe

(Repetir o ultimo paragráfo)

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A essência do homem e do cristianismo

omsinaitsirc od e memoh od aicnêsse A

A religião é para o homem em certa medida como a arte e a música: intrinsecamente ligada aos sentimentos; dos lamentos e lágrimas aos sorrisos surpresos. Se na música encontramos um idioma, uma expressão de nós mesmos, uma inspiração; na religião encontramos um reflexo, figuras conexas expressivas, mesmo que fruto de X. Tristeza recai aos intitulados corretos, que se firmam por eles mesmos, no fundo, no pós-fumo repetitivo, no pluralismo do poço de água suja, de distintas formas. Se de lembranças vivem, chuvas escaldantes adquirem como melhor conto, recente de vida, preenche a mesma, querendo ou não. Se dos recipientes limpos, falta sentem, ausente é o sentimento das elocubrações — trancadas em trincas. Mentiras que se tornam crenças; crianças vão à missa, castigo moral estendido, visa e, visita, o corpo. Se, à força, não invade, a explicação que sobra é que há de haver uma quebra, que impede que tal alarde caiba, negando no seu limite da laicidade a intensidade que o mesmo se levanta. Se hoje naquilo que temos como virtual se fazem luzes, antes já se “jaziam” homens em escritos, páginas e partes a se completar. Deus é o gozo pela qual as mentes desprovidas-de-si, renunciam, é o aperfeiçoamento do homem pelo próprio homem, ao qual anuncia sua cova terrena, um fenômeno antropológico projetado em decorrer das frustrações. A realidade arranha, como ela é; representada ao redor pela totalidade da matéria cheia de imperfeições difíceis de serem aceitas e, no envolto, isso é, em meio a desgraça e a destruição, o homem decadente suspira através de fugas para o mundo irreal, que podem ser expressas na arte, na literatura ou na música. Porém, essas pulsões artísticas e criativas não correspondem as dúvidas das incertezas da infância: uma criança ao nascer não é capaz de entender de imediato a dimensão dos acontecimentos, tão pouco tem a capacidade de disseminar o que é a fome, o medo e o frio; ela apenas sente sem saber o que é exatamente, e por tais razões vem ao mundo chorando à “espera” de uma figura materna ou paterna como aquela que oferece o cuidado e o amor (biologicamente ou não falando). O ser não é um conjunto de duas forças internas e sim um só com uma vida dupla, cujo pensar passa pelas necessidades do corpo. Mais tarde, essa mesma criança já desenvolvida, vive as impressões conforme suas pulsões sentimentais e necessidades, em segunda instância procura obter respostas através daquele em que confia; tradições e costumes respectivos lhe é ensinada, a criança agora convive com uma figura materna ou paterna ainda maior, responsável por todos e por todas. Os responsáveis, encontram-se, dia após dia, aquele dia, que se perderam em lágrimas, os afinados, rasos, silenciados, prontos para à religião oferecer um cálice, dado ao homem; um álibi e o amor figurado, expresso na correção, no aperto de mão dos demais; antes sentados, o que já existia de antes no costume é agora intensificado. O canto que ecoa e bate, dificilmente ultrapassado, ali, no exercício dos confiados e confinados — não os tira da zona colocada por suas aspirações inocentes ergométricas. Passados meses, colheres, passos — temos uma criança cristã, judia, ou islâmica que confia a >verdade< àquilo que os mais próximos o ensinaram.

Se entendemos que há uma essência humana, entendemos também que há uma essência religiosa. A essência do homem se baseia na consciência-de-si mesmo em um grau mais elevado do que o animal, de não ter somente a capacidade de discernimento sensorial, sentimento de si mesmo, percepção, e juízo das coisas exteriores; como também a capacidade de fazer de sua essência (grosso modo) e exterioridade um objeto a ser desvendado/interpretado. O homem difere do animal principalmente por sua vida dupla: interior/exterior. Essa primeira representa as necessidades ao qual é condicionado e condiciona também o discernimento da vida exterior; já a exterioridade do homem é a “projeção” do real através dos sentidos e a capacidade de retrato-de-si e de senso em relação ao outro indivíduo. A essência da religião é a própria essência do homem, na medida que é moldada através da essência a qual o homem tem de si, através da: razão, da vontade e do coração. O homem já com a consciência de si mesmo [nesse sentido] percebe seus defeitos e virtudes; percebe o que lhe é atraente, o que lhe faz bem, e o que lhe é danoso, e com base em si mesmo (não somente) percebe o que é danoso ao outro. Porém, lida com a dificuldade e o peso da finitude, tão pouco consegue raciocinar e lidar verdadeiramente com os limites do pensamento; tão pouco consegue sentir e lidar com os limites do sentimento; tão pouco consegue ter vontade e lidar com os limites da vontade. Nisso, acaba projetando a sua imagem e semelhança um ser divino, sábio e amoroso que detém o poder sob a humanidade, que decide conforme a sua vontade. Deus é, pois, o depósito das essências universais que satisfazem o homem, a unidade e totalidade daquilo que o homem contempla em si mesmo.



John Lennon - God (Letra)

Deus é um conceito
Pelo qual medimos
Nossa dor
Falarei de novo
Deus é um conceito
Pelo qual medimos
Nossa dor
Eu não acredito em mágica
Eu não acredito em I-ching
Eu não acredito em Bíblia
Eu não acredito em tarô
Eu não acredito em Hitler
Eu não acredito em Jesus
Eu não acredito em Kennedy
Eu não acredito em Buda
Eu não acredito em Mantra
Eu não acredito em Gita
Eu não acredito em Ioga
Eu não acredito em reis
Eu não acredito em Elvis
Eu não acredito em Zimmerman
Eu não acredito em Beatles
Apenas acredito em mim
Yoko e eu
E essa é a realidade
O sonho acabou
O que posso dizer?
O sonho acabou
Ontem
Eu era o tecedor de sonhos
Mas agora renasci
Eu era a morsa
Mas agora sou John
Então queridos amigos
Vocês precisam continuar
O sonho acabou.

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Meu destino não cabe em um livro
orvil mu me ebac oãn onitsed ueM

Uma vala comum, de lá alguns se erguem; chamam alguém, por um nome exaustivamente existente; a pior parte é que eu sei de onde veio e advém o conceito de tal nome. De exagero em exagero, geraram falsos corações ecoados — amor virou sacrifício-de-si e por consequência, alguns viraram a criatura perplexa e enfurecida, prestes a fugir disso; indiferentes e isolados. Onde já se viu, querer ir à Paris, morando ou “estudando” na escola do lado do rio? Nascidos no Brasil, como muitos, se questionam; onde já se viu mais uma vez? Luz, que não a da religião, não a da tatuagem futura, mas, a da emissora — agrada a criança, carente de lente, com criatividade pequena — toma conta da mente, dela, tomam conta os afinados de fora; se proliferam, é o sagrado — enquanto, essa mesma pensa na lama da parte baixa do jeans, uma tragédia para a mãe, irritada e prestes a irritar alguém. Entre panfletos, papéis — pobres — cordeiros — alguns são lobo, não de wall street, não de alcatéia, e na noite estrelada uivam, cada um, à sua forma, sentindo o momento; na deles, o resto no momento, choram, mas de lamentos e oram por vozes que nunca se ouve — eu só lamento por instantes. Se algumas velas são veladas, se alguns sofrimentos são góticos e ríspidos, se algumas roupas são grunges, se o humor é no-sense e caótico, se os sorrisos tortos são de deboche, de todos e de mim; será, assim, o avesso do avesso do belo, onde o mundo é o que querem de bom, não o mundo que querem de bem; mas eles, os últimos, não querem o mesmo, olha os termos, não pensam da mesma forma, olha os "tempos"; os primeiros pensam pelos que acendem e ascendem, os segundos querem apagar-lhes porque não pensam o suficiente ao ponto de se rebelar, continuam nas rochas da decadência. Eles são o delírio coletivo da Síndrome de Estocolmo e, bem, os outros? a droga proposital dos descrentes que não se apresenta como tal; sempre ausente e presente, mas, (não) espere por eles; são vários personagens; são música, pois dela fazem parte, são arte; somos? Sabe-se lá; um abismo de um quadro singular; o deles, um boneco de gesso ou uma cadeira de plástico. Divino é de onde eles vieram e para onde eu não volto, onde há sempre, como em qualquer lugar, a lua que não lhes ama; mas que podem e podemos correr atrás.


A negação de si mesmo

omsem is ed oãçagen A

Olhando a lua, as estrelas, o brilho, por vezes, avistamos grilos; por vezes, cães, e fechando os olhos; sentindo o vento, assim como outros, em intensidade diferentes, em outro lugar, sob tralhos ou trilhas, trapos ou ternos, vestes ou desprovidos destas, na praia poética ou na festa à céu aberto, sob folhas ou em celeiros, com tudo ou com o que resta. Distintas visões, distintas medidas; essas através de cada ser, animal e das criaturas vivas, correspondem a elas mesmas pela sua capacidade e por seus limites, sendo a noção do tempo respectivo à espécie. O tempo de vida de uma lagarta, farta ou prestes a se fartar, por exemplo, ao mesmo tempo que é uma vida longínqua para ela, é uma vida curta para o homem, valendo o mesmo para a noção e percepção da imensidão do habitat. Da folha, a lagarta sob ela assim como o homem diante desta, tem a capacidade de distinção, porém, a lagarta, ao contrário deste, novamente, não busca no elemento correspondente a atribuição de um valor essencial, de forma que esse elemento se torne uma causalidade em detrimento da vida-de-si e, de seus semelhantes. Enquanto os cães continuam a comer, o homem cria espetáculos teoréticos com aquilo que ele admira além de si mesmo, ele enxerga as coisas como um eco interno da existência humana e disso cria uma causalidade. Este mesmo homem admira a sua própria forma, ele contempla o exterior e se coloca acima da natureza ao acreditar que ela está posta por nenhum outro motivo como para si mesmo, de forma que, todo efeito produzido se torna alvo, e nisso o caminho do estudo aponta a uma conclusão idealista de que o que está posto é um elemento condicionado pela existência humana. Consciência limitada do homem, entre a vasta e imensa galáxia fascina, este se sente imerso, perplexo e provocado, daí vem a inversão da “importância”,  a contemplação da exterioridade como contemplação de si mesmo. O homem — ao observar o sol ou algum efeito — concluí que ele é o âmago dessa causalidade — conclui que o sol foi feito para ele; ignora a existência autônoma da natureza, concluí que a lua existe por ele estar lá, olhando e se virando para ela. Ignora que cada planeta tem o seu sol, cada planeta tem sua luz, e mesmo que estes sofram com a ausência de vida, possuem seus metais, gases e substâncias e que existem independentemente de sua respiração. Os primeiros filósofos foram astrólogos, pois, o fascínio com as estrelas, com a lua, o sol, e o céu —, caminharam e caminham com a vida humana, como eu caminho atrás da melhor vista da lua ora. Assim, o homem se prende ao preceito de que se houvesse uma vida melhor que a terrena, ela estaria no céu.

No caminho, saltos; nos detalhes óbvios, sensação de desistência; nesse texto, nada de descrição maçante; reclamações? Lá. Se sente insuficiente? Sente que uma parte não está aqui? Bem, você não está sozinho; pois, de ideias e ideais, não se satisfazem os homens — a crença em si não lhe é suficiente, ele precisa de uma imagem a sua semelhança, pois, não consegue imaginar outra coisa senão a forma humana. Os seres sobrenaturais, espíritos, demônios, anjos — precisam de representações que condizem com os sentimentos humanos; a religião cristã precisa do mau (e do mal também), pois, deus é o b(e)(o)m. Criam-se cultos assim (não somente) e status àqueles que melhor seguem as virtudes de deus, dentro de hierarquias, são dadas aos homens e mulheres que se sacrificam por ele. Uma imagem de cinema: o filho de Deus no cristianismo, representado na bíblia como o mais digno devoto que usufrui de poderes e se sacrifica pelos homens, sendo, o sufixo que dá a identidade a mesma religião, um termo que carrega o nome deste homem, a qual temos uma dívida edificada e a qual o amor se baseia no sofrimento, no sacrifício por todos aqueles, filhos de Deus; criações dele. O padre, ao mesmo tempo que rejeita o relacionamento com a mulher, glorifica mulheres santas e puras, pois, estas são dignas de deus, já a freira se casa com deus renunciando a qualquer relacionamento real. Se a miséria é enorme, maior ainda é o papel que a religião exerce sob o homem miserável; porém, as imperfeições da terra quando recaem sob os olhos ou a vida de alguma forma, fazem com que dúvidas apareçam e a perfeição agora é no intensificamento, direcionada a outra vida — o homem então já não espera tanto do mundo como ele entende, e crê veemente naquele que olha por ele e sua família enquanto guarda uma nova vida, lá, onde habita os anjos, os padres e os pastores. Se a maior das tragédias acontece ao seu interesse amoroso ou ao seu filho de tal forma que a vida seja “ceifada”, o digno irá ao reino de deus e o homem se consola com isso; ele suspira em meio à desgraça sob a graça e dádiva da crença em deus. Deus é conhecido como justo, fonte de perfeição, ai de quem falar mal dele, um ídolo; ele não é, no entanto, como já foi dito, o oposto dos homens projetado; Deus é perfeito, justamente, pela imperfeição do homem ser conhecida por ele mesmo; o maniqueísmo não é daí. Mesmo distantes, e tão perto nos contos, o homem e Deus,  por enquanto, embora não possam ser medidos de uma para o outro, para a desgraça desse início — são dotados; o homem da capacidade do pensamento e a indignação, de olhar seu semelhante ou mesmo ser ensinado, de seguir o dogma e o princípio da escolha entre os caminhos opostos herdados; o paraíso e o inferno —  falsa liberdade de escolha a qual é submetido; esta, consiste na ótica religiosa de um ser desprezível, asqueroso, maligno como exemplo de rebeldia — enquanto, deus é dotado dos princípios e dos caminho da bondade.




Type O Negative - Everything Dies (Letra)

Bem eu amei minha tia
Mas ela morreu
E meu tio lou,
Então ele morreu
Eu estou procurando por
Algo que não pode
Ser achado, mas eu tenho esperança
Ainda sonho com meu pai
Embora ele já tenha morrido

Tudo morre

Minha mãe esta tão doente
Ela deve morrer
Embora minhas mulheres preêncham o espaço
Ela vai morrer
Ainda procurando por alguém
Que estivesse perto
Apenas enfrentando
Agora eu me odeio,
Queria que eu morresse

Não, porque? Oh Deus, eu sinto sua falta
Não, porque? Oh Deus, eu sinto sua falta
Eu realmente sinto sua falta

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A natureza divina e a vida como ela é

é ale omoc adiv a e anivid azerutan A

Feuerbach não se contentou em só atacar a até então maior religião monoteísta vigente, como também atacou a religião dos deuses representados na natureza: pagãs e pré-cristãs. Se o cristianismo pode ser reduzido à antropologia, então o paganismo pode ser reduzido à fisiologia, no sentido mais antigo da palavra. Para Feuerbach, a divinização da natureza é intrinsecamente ligada a relação de independência dela com o homem, este último, uma criatura limitada provida de medo que enxerga a realização de suas necessidades e sua capacidade de transformação através da natureza como elementos essenciais, concluindo assim, que o que está posto, está posto a ele; passando então a atribuir na natureza, traços humanos. Essa natureza de qual falamos (falo), independe do homem no sentido de existência oriunda, como pode ser visto mais acima, mas, suas condições e dimensões são afetadas pelos animais e pelo homem de forma que esse último “encontre” nas suas transformações e fenômenos uma ação divina com base em si mesmo e naquilo que contempla. Nesse quesito se diferencia do cristianismo pela atribuição da origem, porém, se assemelha com ele no retrato de si mesmo e nos objetos de fascínio. Feuerbach, no entanto, não pretende explicar isso da forma a qual normalmente é criticado; por isso, é importante ressaltar em decorrer desse último resumo aqui apresentado de que o filósofo não pretende contar a história das religiões ou indicar um ponto histórico pela qual se cria determinado deus, ou divindade — mas sim desvendar de forma minuciosa o âmago da religião como pulsão sentimental e ideal do homem — partindo do pressuposto ateísta e materialista de que o homem é para si mesmo objeto; que o homem inventa deus e não o contrário — de forma que a argumentação se dê através de pulsões humanas e especulações sob determinada: sensação, imagem, contemplação, significado, representação, objetivo, comportamento, etc — isso, dentro de um pós-hegelianismo latente. Por fim, vale enfatizar que Feuerbach concluí que a vida deve ser boa e se possível melhorada “aquém”, e não “além” — tendo direcionado sua noção de amor voltada à humanidade e a outros elementos.



Arcade Fire - Intervention (Letra)

O rei levado de volta ao trono
As sementes inúteis são semeadas
Quando eles disserem que estão cortando o telefone 
Eu irei dizer a eles que você não está em casa

Não há lugar para se esconder
Você estava lutando como um soldado ao lado deles.
Você ainda é um soldado em sua mente
Embora, de modo algum na linha

Você diz que é de dinheiro que precisamos
Como se fossemos apenas bocas para alimentar
Eu sei que não importa o que você diz
Existem algumas dívidas que você nunca irá pagar

Trabalhando para a igreja
Enquanto sua família morre
Você pega o que eles lhe dão
E você os mantém lá dentro
Cada centelha de amizade e amor
Morrerão sem um lar
Ouça o gemido do soldado: "Nós vamos chorar sozinhos"

Eu posso provar o medo
Vou levantar e tirar-me daqui
Não quero lutar, não quero morrer
Só quero ouvir você chorar

Quem vai atirar a primeira pedra?
Oh! Quem vai recompor o osso?
Andando com sua cabeça em uma funda
Quero ouvir o soldado cantar

Trabalhando para a igreja
Enquanto minha família morre
O bebê da sua irmã
Perderá sua cabeça
Cada centelha de amizade e amor
Morrerão sem um lar
Ouça o gemido do soldado: "Nós vamos para lá sozinhos"

Eu posso provar seu medo
Vai levantar e tirar-se daqui
E o osso nunca devem cicatrizar
Eu não me importo se você se ajoelhar

Nós não podemos descobrir você agora
Mas eles vão tomar o dinheiro de volta de alguma forma ( o dinheiro de volta de alguma forma)
E quando você finalmente desaparecer
Nós apenas diremos que você nunca esteve aqui

Trabalhando para a igreja
Enquanto sua vida desmorona( sua vida desmorona)
Cantando aleluiá com medo em seu coração( o medo está em seu coração)
Cada centelha de amizade e amor
Vamos morrer sem um lar
Ouça o gemido do soldado, "Nós vamos para lá sozinhos"
Ouça o gemido do soldado, "Nós vamos para lá sozinhos"

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"A religião cristã é a religião do sofrimento. As imagens do crucificado, que até hoje encontramos em todas as igrejas, não representam um redentor, mas somente o crucificado, o sofredor. Mesmo as autoflagelações dos cristãos são consequências que se baseiam psicologicamente na sua concepção religiosa(...)
Deus sofre não significa em verdade nada mais que : Deus é um coração. O coração é a fonte, o cerne de todo sofrimento. Um ser sem sofrimento é um ser sem coração. O mistério do Deus que sofre é então o mistério do sentimento; um Deus que sofre é um Deus sensível ou sentimental. Mas a frase : Deus é um ser sensível é apenas a expressão religiosa da frase : o sentimento é de natureza divina."

(Trecho de "A Essência do Cristianismo; tradução de José da Silva Brandão)

 


Sepultura - Orgasmatron (Letra)

Eu sou o escolhido, Orgasmatron
A mão com sede de sucesso
Minha imagem é de agonia
Meus servos estupram a terra
Servil e arrogante
Clandestina e dor
Dois mil anos de miséria
De tortura em meu nome
Hipocrisia fez a superioridade
Paranóia fez a lei
Meu nome é chamado de religião
Sádica
Sagrada
Prostituta

Eu distorço a verdade
Eu governo o mundo
Minha coroa é chamada de enganação
Eu sou o imperador das mentiras
Você rasteja a meus pés
Eu te roubo e te sacrifico
Sua queda é meu ganho
E você ainda banca o bajulador
E se rebela em sua dor
E todas as minhas promessas são mentiras
Todo meu amor é ódio
Eu sou um político
E eu decido seu destino

Eu marcho diante de um mundo martirizado
Um exército para a luta
Falo de grandes dias heróicos
De vitória e poder
Seguro uma bandeira encharcada de sangue
Eu te encorajo a ser valente
Eu te conduzo a seu destino
Eu te conduzo a seu túmulo
Seus ossos construirão meus palácios
Seus olhos serão incrustados em minha coroa
Pois eu sou Marte o deus da guerra
E eu te derrubarei

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R e f e r ê n c i a s

FEUERBACH, Ludwig. A Essência do Cristianismo. Tradução de José da Silva Brandão. Petrópolis, Rio de Janeiro:  Editora Vozes.